Uma das coisas que tenho observado
nos últimos tempos é o fato de que há muita, mas muita denúncia sobre todos os
descalabros cometidos no Brasil e no mundo, sejam esses descalabros obra do
setor privado ou do setor público, não importa: o fato é que existe mesmo uma
infinidade de denúncias. Contudo, o que não consigo perceber, salvo poucas
exceções, é a existência de propostas de solução.
Uma coisa é fato consumado: a internet
pode se tornar uma excelente ferramenta na busca de uma sociedade real em nossa
sociedade. O que tenho visto ultimamente é o surgimento de uma possibilidade
real de se minimizar os males dos nossos tempos. E tal assunto é bem extenso… Por
isso vou dividir esta etapa, que diz respeito a soluções, em duas partes.
Nesta primeira parte, vou discutir o que
já temos, e na segunda parte apresentarei uma sugestão de como podemos agir,
usando as ferramentas que possuímos no momento.
No presente momento histórico, a
internet não só liga as pessoas em tempo virtualmente real, mas também permite
a possibilidade de transgredir um sistema minuciosamente construído para nos
enganar e nos manipular. É fato notório que as televisões e as rádios do Brasil,
bem como suas publicações periódicas estão a serviço de determinados grupos
econômicos, comumente identificados como elite política e econômica nacional e,
vez por outra, mundial.
Nessa conjuntura, o que se percebe é
que, ao mesmo tempo em que a propaganda, a dissimulação e a tendenciosidade
praticadas pelas grandes empresas midiáticas provocam uma certa “imbecilização”
do público, ações individuais, ou de pequenos grupos, têm chamado a atenção
para a manipulação dos fatos e a construção de farsas que visam mascarar as
verdadeiras raízes de nossas mazelas.
É nesse sentido que vejo a internet,
mais propriamente as redes sociais, como um possível veículo através do qual
possamos implementar a democracia no Brasil que, até o momento, nada mais é do
que um discurso vazio e inverídico.
Atualmente,
podemos ter acesso ao trabalho de blogueiros, gente que é, antes de mais nada,
corajosa, pois não se cala diante das represálias, comuns num país de coronéis,
onde a única lei que funciona é a lei do mais forte. Mas não só isso, existem
também iniciativas bacanas, como sites que tratam de inúmeros temas caros à
democracia no Brasil, que é o caso do Museu da Corrupção (muco), o
Transparência Brasil, alguns canais do youtube, o Canal do Otário, o Movimento
Intervozes, entre muitíssimos outros.
Uma democracia, do ponto de vista
filosófico, seria um regime político no qual as pessoas participariam
conscientemente e em pé de igualdade de todas as decisões políticas que
afetariam o destino da Nação. Entretanto, no Brasil, que foi inventado sob o
signo da exploração escravista e da devastação ambiental, onde os famosos
“homens de bens” criaram leis que só se aplicavam aos não detentores de bens,
tal regime político (democracia) é algo impensável, eu diria mesmo
impraticável.
Contudo, a possibilidade de nos
comunicarmos sem tantos filtros, sem a edição e a manipulação dos fatos,
prática comum das emissoras de tevê, rádio, revistas e jornais impressos, ou
seja, a possibilidade de selecionarmos a notícia e o veículo através do qual
essa está sendo difundida, a possibilidade de lermos, ouvirmos, vermos o que um
cidadão comum, um circunstante, um protagonista do fato tem a dizer a respeito
do ocorrido está trazendo uma nova perspectiva política para o país.
Pense bem, hoje podemos nos comunicar de
muitos modos, podemos postar textos, vídeos, áudio, imagens; podemos
argumentar, criar fóruns, questionar o que nos é imposto de cima para baixo. Em
uma palavra: não estamos mais reféns de nenhum grupo midiático para obtermos
informações, notícias ou dados sobre o que quer que seja.
Eis a nossa primeira possibilidade de
construir uma democracia que funcione minimamente, na qual as pessoas expressem
suas ideias e sentimentos, opinem sobre assuntos públicos até então restritos
apenas ao tirocínio das elites econômicas e políticas; vivemos um momento
propício para que as pessoas demonstrem sua indignação, promovam campanhas de
contrapropaganda tanto contra entes públicos como contra entes privados, enfim,
eis na história uma primeira possibilidade de participação popular em massa em
decisões que dizem respeito a todos, mas que historicamente foi privilégio de
uma minoria.
Por tanto, a primeira etapa da solução
do problema dos pedágios em Mato Grosso, e de outros tantos, está nesta
ferramenta que ora usamos: internet, mais propriamente, redes sociais. No
próximo texto irei apresentar algumas ideias de como usar esse instrumento de
comunicação em massa para conseguirmos o que nós, a massa, tanto desejamos:
alguma dignidade.
JC.
Arcanjo.
11/02/2014
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