Em geral, quando se toca no assunto
pedágio, surgem discursos a favor e contra. Eu não quero expressar de cara
minha opinião; antes convido o leitor a fazer uma breve excursão sobre os fatos
que estão aí, diante dos nossos olhos, e que, portanto, dispensam aquelas
formulações cansativas que visam provar esse ou aquele aspecto da coisa toda.
O discurso oficial, em prol da
implantação de pedágios em Mato Groso, gravita em torno da ideia de que o
Estado não possui recursos suficientes para manter a pavimentação asfáltica do
seu imenso território. Contudo, em entrevista recente, o ex-diretor do DENIT
(Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), Luiz Antônio Pagot,
disse que durante o governo Maggi o quilômetro de asfalto custava inicialmente R$
270 mil e, ao fim daquele governo, chegou a custar R$ 350 mil. E
também afirmou que, na gestão de Silval Barbosa, esse mesmo quilômetro de
asfalto saltou para o módico valor que varia entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,4
milhão…
Agora vejamos uma curiosidade: numa
matéria da veja, economistas afirmam que a inflação acumulada no Brasil a cada
cinco anos é de aproximadamente 20%... Então fica esse mistério no ar: por que
o asfalto, em especial, sofreu inflação de cerca de 100% entre o governo Maggi
e o governo Silval? E nem vamos discutir a qualidade desse produto, pois toda
rodovia estadual pela qual eu transitei, e olhe que eu ando bastante, apresenta
algum problema relativo a buracos e, quando a gente se entrega à curiosidade de
verificar a espessura da camada asfáltica, nota-se que não tem mais que 5
centímetros, e isso sendo bem generoso no cálculo.
Além desse estranho aumento no preço
do asfalto maravilhoso, sobre o qual deslizamos graciosamente em Mato Grosso,
vez por outra brincado de vídeo game, tentando desviar daqueles buracos
maldosos que tentam nos tirar da pista a qualquer custo, há outro fenômeno a
ser analisado em nossa excursão sobre a querela dos pedágios: a insuficiência
de arrecadação tributária para a manutenção das vias públicas…
Analisando o caso através de artigos
na internet, encontrei até um defensor da ideia de que não pagamos tanto assim,
pois o autor de tal apreciação buscou demonstrar uma diferença capital entre
Carga Tributária Bruta e Carga Tributária Líquida; mas não me convenceu; talvez
pelo fato de que todos os meses meu salário vem com uma puta mordida do fisco,
fora o fato de que tudo custa o dobro do preço por que já vem com os impostos
embutidos… Não sei explicar bem, mas acredito que qualquer pessoa pode
facilmente constatar que pagamos muito imposto no Brasil, e que isso não é só
falatório de uma gentinha maledicente, uma vez que respeitáveis entidades
internacionais classificam o Brasil entre os países que mais sugam seu povo sem
que haja o devido retorno em forma de serviços públicos eficientes.
Justamente por isso, acredito ser um
ato de estelionato a implantação de pedágios em Mato Grosso, pois se já pagamos
tão caro por esse serviço, entregá-lo à iniciativa privada para que essa cobre
novamente é, no mínimo, desleal para com o contribuinte. Restando algumas
dúvidas, ao fim de nossa excursão que sobrevoou os mistérios políticos e
administrativos subjacentes à implantação da moderna pirataria em nossas vias
públicas: o que está acontecendo com o dinheiro dos impostos que pagamos? Por
que o estado que é um dos maiores produtores de grãos, e grande arrecadador,
não está conseguindo cumprir com sua obrigação? Será mesmo uma questão de contabilidade,
ou é problema gerencial?... Bem, trataremos dessas e outras questões no próximo
texto.
JC.
Arcanjo.
26/02/2014
Fontes
utilizadas da internet:
Matéria
sobre o ex-diretor do DNIT Luiz Antônio Pagot
Matéria
sobre a inflação acumulada no Brasil
Sobre
os conceitos de Carga Tributária Bruta e Carga Tributária Líquida
Artigo
sobre impostos e retorno em serviços públicos (com análise do IDH)
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