quarta-feira, 16 de abril de 2014

Texto 3 - Pedágio - Por que é absurdo pagar pedágio em Mato Grosso?


           Em geral, quando se toca no assunto pedágio, surgem discursos a favor e contra. Eu não quero expressar de cara minha opinião; antes convido o leitor a fazer uma breve excursão sobre os fatos que estão aí, diante dos nossos olhos, e que, portanto, dispensam aquelas formulações cansativas que visam provar esse ou aquele aspecto da coisa toda.
            O discurso oficial, em prol da implantação de pedágios em Mato Groso, gravita em torno da ideia de que o Estado não possui recursos suficientes para manter a pavimentação asfáltica do seu imenso território. Contudo, em entrevista recente, o ex-diretor do DENIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), Luiz Antônio Pagot, disse que durante o governo Maggi o quilômetro de asfalto custava inicialmente R$ 270 mil e, ao fim daquele governo, chegou a custar R$ 350 mil. E também afirmou que, na gestão de Silval Barbosa, esse mesmo quilômetro de asfalto saltou para o módico valor que varia entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,4 milhão
            Agora vejamos uma curiosidade: numa matéria da veja, economistas afirmam que a inflação acumulada no Brasil a cada cinco anos é de aproximadamente 20%... Então fica esse mistério no ar: por que o asfalto, em especial, sofreu inflação de cerca de 100% entre o governo Maggi e o governo Silval? E nem vamos discutir a qualidade desse produto, pois toda rodovia estadual pela qual eu transitei, e olhe que eu ando bastante, apresenta algum problema relativo a buracos e, quando a gente se entrega à curiosidade de verificar a espessura da camada asfáltica, nota-se que não tem mais que 5 centímetros, e isso sendo bem generoso no cálculo.
            Além desse estranho aumento no preço do asfalto maravilhoso, sobre o qual deslizamos graciosamente em Mato Grosso, vez por outra brincado de vídeo game, tentando desviar daqueles buracos maldosos que tentam nos tirar da pista a qualquer custo, há outro fenômeno a ser analisado em nossa excursão sobre a querela dos pedágios: a insuficiência de arrecadação tributária para a manutenção das vias públicas…
            Analisando o caso através de artigos na internet, encontrei até um defensor da ideia de que não pagamos tanto assim, pois o autor de tal apreciação buscou demonstrar uma diferença capital entre Carga Tributária Bruta e Carga Tributária Líquida; mas não me convenceu; talvez pelo fato de que todos os meses meu salário vem com uma puta mordida do fisco, fora o fato de que tudo custa o dobro do preço por que já vem com os impostos embutidos… Não sei explicar bem, mas acredito que qualquer pessoa pode facilmente constatar que pagamos muito imposto no Brasil, e que isso não é só falatório de uma gentinha maledicente, uma vez que respeitáveis entidades internacionais classificam o Brasil entre os países que mais sugam seu povo sem que haja o devido retorno em forma de serviços públicos eficientes.
            Justamente por isso, acredito ser um ato de estelionato a implantação de pedágios em Mato Grosso, pois se já pagamos tão caro por esse serviço, entregá-lo à iniciativa privada para que essa cobre novamente é, no mínimo, desleal para com o contribuinte. Restando algumas dúvidas, ao fim de nossa excursão que sobrevoou os mistérios políticos e administrativos subjacentes à implantação da moderna pirataria em nossas vias públicas: o que está acontecendo com o dinheiro dos impostos que pagamos? Por que o estado que é um dos maiores produtores de grãos, e grande arrecadador, não está conseguindo cumprir com sua obrigação? Será mesmo uma questão de contabilidade, ou é problema gerencial?... Bem, trataremos dessas e outras questões no próximo texto.

JC. Arcanjo.
26/02/2014

Fontes utilizadas da internet:
           
Matéria sobre o ex-diretor do DNIT Luiz Antônio Pagot

Matéria sobre a inflação acumulada no Brasil

Sobre os conceitos de Carga Tributária Bruta e Carga Tributária Líquida

Artigo sobre impostos e retorno em serviços públicos (com análise do IDH)


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