terça-feira, 15 de abril de 2014

Tenhamos o espírito de uma criança sem ser infantis



            Observe as crianças bem pequenas; aquelas que têm em torno de 3 a 5 anos de idade. Coloque algumas delas juntas, não precisam ser parentes, nem mesmo se conhecer. Na verdade, podem até ser de nacionalidades distintas.
            Se juntarmos umas 7 ou 8 crianças naquela faixa etária, veremos que logo estarão interagindo, sem muita dificuldade. E essa interação resultará em alguma brincadeira bastante animada.
            Então experimente fazer o seguinte exercício: crie uma situação que faça com que algumas crianças se tornem privilegiadas, podendo fazer, na brincadeira, coisas que as outras não podem. Você irá notar que, em questão de muito pouco tempo, aquelas que forem prejudicadas por não possuírem privilégios irão simplesmente abandonar a brincadeira; isso, se não chutarem o pau da barraca antes.
            Esse tipo de desfecho só é possível quando se tem a alma livre de uma criança, a qual normalmente não tem problema em ser sincera consigo mesma e com os outros, e não sofre por recusar as injustiças que lhes são impostas. A sabedoria infantil reside no fato de que elas não têm medo de sentir e expressar o que sentem; por isso elas são perfeitamente capazes de sabotar uma animada brincadeira se perceberem que estão sendo enganadas.
            E é unicamente com esse objetivo que irei escrever neste blog. Quero preservar essa capacidade de agir como as crianças. A brincadeira de viver em um Estado moderno, que foi pilhado por uma corja já não mais me interessa, e, por isso, quero mais que nunca invocar meu espírito de criança e simplesmente sabotar tudo isso.
            Mas eu não sou ingênuo. Sei que no mundo dos adultos a coisa é mais complicada. Para sabotar o que está aí, é preciso ser bom jogador de xadrez. É preciso atacar onde dói neles. Ir para as ruas, chama a atenção, mas não dá prejuízo. Quebrar as coisas chama a atenção, mas só dá prejuízo para quem está do lado mais fraco da corda.
            Por isso, vamos sabotar essa zona com classe e inteligência; vamos acabar com a brincadeira de quem se põe acima da lei sob o pretexto de ser representante do povo; vamos dar fim à farra de quem alimenta nossas crianças com veneno sob a falácia de que está alimentando a humanidade; vamos detonar aqueles que se enriquecem vendendo lixo audiovisual sob o rótulo de cultura de massa: vamos sabotar essa armação que já virou uma brincadeira de muito mau gosto.
            Libertemos nossa alma de criança, sem sermos infantis de acreditar que a vida é assim. Nada é assim. Tudo está de uma maneira que nós colocamos com nossas ações ou omissões.

JC. Arcanjo
10/04/2014


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