Observe as crianças bem pequenas;
aquelas que têm em torno de 3 a 5 anos de idade. Coloque algumas delas juntas,
não precisam ser parentes, nem mesmo se conhecer. Na verdade, podem até ser de
nacionalidades distintas.
Se juntarmos umas 7 ou 8 crianças
naquela faixa etária, veremos que logo estarão interagindo, sem muita
dificuldade. E essa interação resultará em alguma brincadeira bastante animada.
Então experimente fazer o seguinte
exercício: crie uma situação que faça com que algumas crianças se tornem
privilegiadas, podendo fazer, na brincadeira, coisas que as outras não podem.
Você irá notar que, em questão de muito pouco tempo, aquelas que forem
prejudicadas por não possuírem privilégios irão simplesmente abandonar a
brincadeira; isso, se não chutarem o pau da barraca antes.
Esse tipo de desfecho só é possível
quando se tem a alma livre de uma criança, a qual normalmente não tem problema
em ser sincera consigo mesma e com os outros, e não sofre por recusar as
injustiças que lhes são impostas. A sabedoria infantil reside no fato de que
elas não têm medo de sentir e expressar o que sentem; por isso elas são
perfeitamente capazes de sabotar uma animada brincadeira se perceberem que
estão sendo enganadas.
E é unicamente com esse objetivo que
irei escrever neste blog. Quero preservar essa capacidade de agir como as
crianças. A brincadeira de viver em um Estado moderno, que foi pilhado por uma
corja já não mais me interessa, e, por isso, quero mais que nunca invocar meu
espírito de criança e simplesmente sabotar tudo isso.
Mas eu não sou ingênuo. Sei que no
mundo dos adultos a coisa é mais complicada. Para sabotar o que está aí, é
preciso ser bom jogador de xadrez. É preciso atacar onde dói neles. Ir para as
ruas, chama a atenção, mas não dá prejuízo. Quebrar as coisas chama a atenção,
mas só dá prejuízo para quem está do lado mais fraco da corda.
Por isso, vamos sabotar essa zona com
classe e inteligência; vamos acabar com a brincadeira de quem se põe acima da
lei sob o pretexto de ser representante do povo; vamos dar fim à farra de quem
alimenta nossas crianças com veneno sob a falácia de que está alimentando a
humanidade; vamos detonar aqueles que se enriquecem vendendo lixo audiovisual
sob o rótulo de cultura de massa: vamos sabotar essa armação que já virou uma
brincadeira de muito mau gosto.
Libertemos nossa alma de criança, sem
sermos infantis de acreditar que a vida é assim. Nada é assim. Tudo está de uma
maneira que nós colocamos com nossas ações ou omissões.
JC. Arcanjo
10/04/2014
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