quarta-feira, 30 de abril de 2014

Educação - Uma caleche que disputa espaço com Ferraris e Lamborghinis


            Ultimamente tenho visto campanhas na tevê em prol da educação estatal obrigatória, sob a sutil picaretagem de que se está tentando valorizar os profissionais da educação. Quer saber por que a educação pública obrigatória não funciona e nunca vai funcionar? Pois bem.
            De cara, obrigar uma criança, ainda em tenra idade, a se confinar em uma sala, muitas vezes desconfortável, com outras 30, 40 crianças, tão desesperadas quanto ela para serem apenas crianças, sob a guarda de uma professora que é, na verdade, praticamente uma agente penitenciária, já é, por si só, um indício bem forte dos motivos que levam ao fracasso escolar.
            Mas não é só isso. Ser obrigado a ficar 4 horas por dia, 5 dias por semana, ouvindo coisas que não tem nenhum sentido quando cotejadas com a vida que se passa fora dos muros da escola, e tendo que executar atividades que muito raramente serão úteis ao indivíduo é, no mínimo, torturante.
            E sabe por que o espaço escolar é desagradável, e o que se faz ali, em sua grande maioria, é inútil para a vida social existente no mundo real das crianças? Isso acontece por que para cada 4 horas de reclusão, essas crianças passam outras 20 horas livres e, tirando mais ou menos 8 horas de sono, o que elas veem ao seu redor é bem diferente do que tentam implantar, à força, em seus cérebros dentro de uma sala de aula.
            A professora de português, tenta ensina sintaxe, mas a tevê e o rádio transformam em deuses cantores que cantam músicas que são um verdadeiro assassinato do português; o professor de matemática tenta ensinar as operações básicas, mas em todo lugar computadores calculam tudo o que é preciso ser calculado, e os adultos que rodeiam essas crianças já abandonaram a prática de fazer até as operações matemáticas mais básicas de cabeça ou em uma folha de papel; a professora de geografia tenta ensinar como o mundo é organizado, mas as crianças só têm condições de conhecerem o caminho de casa até a escola, salvo raríssimas viagens que pouquíssimos pais podem lhes proporcionar; a professora de história tenta desenvolver o senso crítico, mas os pais repreendem qualquer questionamento, e dão belíssimos exemplos de como ser um cretino desonesto, e a tevê coroa tudo isso vendendo propaganda de bandidos de toda espécie que se apresentam como grandes personalidades.
            Quando vejo crianças sentadas em cadeiras escolares, inquietas, sob a vigilância do (a) carcereiro (a) com título de professor (a), atormentadas pelo desejo de falar alguma idiotice que ouviram num programa de tevê ou mesmo saída da boca dos pais ou outro adulto já bem imbecilizado, tenho a nítida sensação de estar contemplando um quadro surreal, no qual a educação estatal obrigatória, ao tentar competir com a mídia, a internet, e pais e adultos completamente idiotizados, torna-se uma caleche tentando disputar espaço com Ferraris e Lamborghines nas ruas de uma grande metrópole...
           
JC. Arcanjo
10/04/2014


2 comentários:

  1. A educação que temos hoje era apropriada no século 19. Hoje, ela contribui para anular a criatividade das pessoas e para desestimular a criança para que pesquisa por conta própria (isso é fundamental para ser humanos do século 21). A educação deveria formar as pessoas para o aprendizado independente e evolução constante durante suas vidas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo contigo. Só que, infelizmente, no Brasil a educação se tornou meramente uma ferramenta de doutrinação, alienação e anulação de todas as boas potencialidades humanas e, para piorar, tem se tornado uma verdadeira forma de tortura e massacre do próprio senso de humanidade, o que é terrível, pois esse “serviço público” se destina principalmente a crianças e adolescentes.

      Excluir