Ultimamente tenho visto campanhas na
tevê em prol da educação estatal obrigatória, sob a sutil picaretagem de que se
está tentando valorizar os profissionais da educação. Quer saber por que a
educação pública obrigatória não funciona e nunca vai funcionar? Pois bem.
De cara, obrigar uma criança, ainda em
tenra idade, a se confinar em uma sala, muitas vezes desconfortável, com outras
30, 40 crianças, tão desesperadas quanto ela para serem apenas crianças, sob a
guarda de uma professora que é, na verdade, praticamente uma agente
penitenciária, já é, por si só, um indício bem forte dos motivos que levam ao
fracasso escolar.
Mas não é só isso. Ser obrigado a
ficar 4 horas por dia, 5 dias por semana, ouvindo coisas que não tem nenhum
sentido quando cotejadas com a vida que se passa fora dos muros da escola, e
tendo que executar atividades que muito raramente serão úteis ao indivíduo é,
no mínimo, torturante.
E sabe por que o espaço escolar é
desagradável, e o que se faz ali, em sua grande maioria, é inútil para a vida
social existente no mundo real das crianças? Isso acontece por que para cada 4
horas de reclusão, essas crianças passam outras 20 horas livres e, tirando mais
ou menos 8 horas de sono, o que elas veem ao seu redor é bem diferente do que
tentam implantar, à força, em seus cérebros dentro de uma sala de aula.
A professora de português, tenta
ensina sintaxe, mas a tevê e o rádio transformam em deuses cantores que cantam
músicas que são um verdadeiro assassinato do português; o professor de
matemática tenta ensinar as operações básicas, mas em todo lugar computadores
calculam tudo o que é preciso ser calculado, e os adultos que rodeiam essas
crianças já abandonaram a prática de fazer até as operações matemáticas mais
básicas de cabeça ou em uma folha de papel; a professora de geografia tenta
ensinar como o mundo é organizado, mas as crianças só têm condições de
conhecerem o caminho de casa até a escola, salvo raríssimas viagens que
pouquíssimos pais podem lhes proporcionar; a professora de história tenta
desenvolver o senso crítico, mas os pais repreendem qualquer questionamento, e
dão belíssimos exemplos de como ser um cretino desonesto, e a tevê coroa tudo
isso vendendo propaganda de bandidos de toda espécie que se apresentam como
grandes personalidades.
Quando vejo crianças sentadas em
cadeiras escolares, inquietas, sob a vigilância do (a) carcereiro (a) com
título de professor (a), atormentadas pelo desejo de falar alguma idiotice que
ouviram num programa de tevê ou mesmo saída da boca dos pais ou outro adulto já
bem imbecilizado, tenho a nítida sensação de estar contemplando um quadro
surreal, no qual a educação estatal obrigatória, ao tentar competir com a
mídia, a internet, e pais e adultos completamente idiotizados, torna-se uma
caleche tentando disputar espaço com Ferraris e Lamborghines nas ruas de uma
grande metrópole...
JC. Arcanjo
10/04/2014
A educação que temos hoje era apropriada no século 19. Hoje, ela contribui para anular a criatividade das pessoas e para desestimular a criança para que pesquisa por conta própria (isso é fundamental para ser humanos do século 21). A educação deveria formar as pessoas para o aprendizado independente e evolução constante durante suas vidas.
ResponderExcluirConcordo contigo. Só que, infelizmente, no Brasil a educação se tornou meramente uma ferramenta de doutrinação, alienação e anulação de todas as boas potencialidades humanas e, para piorar, tem se tornado uma verdadeira forma de tortura e massacre do próprio senso de humanidade, o que é terrível, pois esse “serviço público” se destina principalmente a crianças e adolescentes.
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